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Eugenio Montale : Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1975

Writer's picture: IvankaIvanka

Diário de '71


Eugenio Montale (12 de outubro de 1896 - 12 de setembro de 1981) foi um poeta, escritor de prosa, editor e tradutor italiano.

Montale nasceu em Gênova, em uma família de empresários

Em 1915, Montale trabalhou como contador, mas deixou o emprego para seguir sua paixão literária. Em uma base privada, ele estudou canto lírico com o barítono Ernesto Sivori.

Montale foi em grande parte autodidata.

Em 1925, apareceu a primeira coleção de poesia de Montale, Ossi di seppia (Ossos de choco).

Além disso, em 1939, As ocasiões foram publicadas por Finisterre (1943).

La bufera e Altro (A Tempestade e Outras Coisas) foi publicado em 1956 e depois disso, seus últimos trabalhos Xenia (1966), Satura (1971) e Diario del '71 e del '72 (1973).


1925.- Os ossos de Chocó


Traga-me o girassol (Portami il girasole)


Traga-me o girassol que eu o transplante

em meu terreno queimado de salgado,

e mostre o dia inteiro aos azuis espelhantes

do céu a ansiedade do seu rosto dourado.


Tendem à claridade as coisas obscuras,

se exaurem os corpos num fluir

de tintas: estas em músicas. Esvanecer,

é portanto a ventura das venturas.


Traga-me tu a planta que conduz

aonde surgem loiras transparências

e exala a vida qual essência;

traga-me o girassol enlouquecido de luz.



Os limões (I limoni)


Escuta-me, os poetas laureados

circulam apenas entre plantas

de nomes pouco usados: buxeiros alienas ou acantos.

Eu, por mim, amo os caminhos que levam às valas

ervosas onde em lamaçais

já meio secos meninos apanham

alguma pequena enguia:

as trilhas que bordejam os taludes

descem por entre os tufos de caniços

e se metem nas hortas, entre os pés de limão.

Melhor se as algazarras dos pássaros

se dissipam engolidas pelo azul:

mais claro se escuta o sussurro

dos galhos amigos no ar que mal se move,

e os sensos deste cheiro

que não se larga da terra

e chove em peito uma doçura inquieta.

Aqui das desencontradas paixões

por milagre cala-se a guerra,

aqui toca até a nós, pobres, a nossa parcela de riqueza

e é o cheiro dos limões.

Vê, neste silêncio no qual as coisas

se entregam e parecem prestes

a trair o seu último segredo,

às vezes esperamos

descobrir um defeito da Natureza,

o ponto morto do mundo, o elo que não prende,

o fio a desenredar que enfim nos leve

no meio duma verdade.

O olhar perscruta em volta,

a mente indaga concerta desune

no perfume que se espalha

quando o dia mais enlanguesce.

São os silêncios em que se vê

em cada sombra humana que se afasta

alguma Divindade surpreendida.

Mas a ilusão falta e o tempo nos devolve

às cidades ruidosas onde o azul mostra-se

apenas por retalhos, no alto, entre as cimalhas.

Castiga a chuva a terra, depois; se espessa

o tédio do inverno sobre as casas,

a luz torna-se avara - amarga a alma.

Quando um dia de um portão malfechado

entre as árvores de um pátio

nos surgem os amarelos dos limões;

e o gelo do coração se desfaz,

e no peito estalam

suas canções

as trombetas de ouro da solaridade.


Vejo você na terça-feira!

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Zagrebella 

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